sábado, 25 de fevereiro de 2012

Passando por um tempo muito difícil, decidi reler o que há dois anos escrevi sobre fé. Por isso e porque esta postagem passou das mil visualizações, resolvi coloca-la novamente no topo da lista. Pode ser que você esteja precisando "ouvir-la", mais uma vez, tanto quanto eu.
Deus nos abençoe e nos guarde.
Existe uma tendência em nós de falar mais do que praticar. Se a teoria e a prática cristã sobre oração se aproximassem, teríamos realmente famílias avivadas.
 Família. Pessoas que conhecem umas as outras, muito além das máscaras sociais, como elas realmente são, não como elas têm fé que sejam.
A fé é uma das qualidades que distinguem o cristão. Ou deveria ser. Mas, para muitos a fé não é mais do que um firme desejo de que as coisas saiam bem. É a esperança de que as circunstâncias se resolvam favoravelmente. Está incutido no ambiente evangélico que a fé é a manifestação, com entusiasmo e convicção, daquilo que desejamos (“em nome de Jesus”).
A.W. Tozer disse certa vez: “Se Deus tirasse o Espírito Santo deste mundo, boa parte daquilo que a igreja está fazendo prosseguiria como se nada tivesse acontecido e ninguém notaria a diferença”. E, se formos honestos, veremos o quão verdadeira esta afirmação tem se revelado em nossos dias. E isso é muito diferente do que nos expõe as Escrituras acerca da fé, como podemos destacar em Gn 22.3:
“Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e preparou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.”
Em circunstâncias bem mais amenas, muitos de nós estaríamos vivendo no centro de uma profunda crise pessoal. Entretanto, Abraão não deixou de abrir mão do maior dos seus desejos - e que também havia sido o sinal da bênção de Deus em sua vida.
É bem verdade que a noite posterior as instruções de Deus, deve ter sido angustiante para o patriarca. Não lhe foi explicado absolutamente nada que envolvesse tamanho sofrimento. O filho há tantos anos esperado? Por que, se foi Ele mesmo que prometeu? (…)
Abraão não permitiu que as emoções e desejos do seu coração fossem o fator decisivo em sua resposta, pois o servo de Deus foi chamado para a obediência, ainda que não compreenda o que o seu Senhor está fazendo e nem porque está envolvido em tais circunstâncias. Nas palavras de Paulo, somos chamados para ser ‘escravos da obediência’ (Rm 6. 16).
Que abundância de verbos! Se levantou, preparou, tomou, cortou, levantou-se (novamente) e foi. A dor de pai fica em segundo plano. Na madrugada, o servo fiel começa a dar os passos necessários de quem vive segundo a essência da fé. E isso não tem nada haver com teologia da mediocridade. Medíocre é quem não compreende que Abraão considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos ressuscitar a Isaque (Hb 11.9).
A fé é a convicção profunda na fidelidade de Deus, porque “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8. 28). A fé nos conduz a ação, não importando o quão contraditórias e difíceis sejam ou pareçam ser as circunstâncias, porque sabemos que Deus nunca se verá limitado em cumprir seu propósito em nós.
Fé significa se entregar e confiar no Deus da Palavra. Mas não como idealizamos ou como os discursos da famigerada auto-ajuda tentam nos convencer. E, sim, como Ele se revela em sua Palavra e conforme a orientação e ação do Seu Espírito em nós.
Que, mesmo em tempos difíceis, a paz de Cristo seja o nosso guia. E que a nossa fé possa se caracterizar pela mesma abundância de verbos! Quem tem ouvidos ouça.

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