quarta-feira, 21 de março de 2007

FÉ E RAZÃO: OPOSIÇÃO OU COMPLEMENTO?



Uma conversa edificante sobre um assunto intrigante.

Seria a fé puramente uma questão de emoção? Ou seria apenas um ponto de vista diferente? Todas as formas de fé cristã são realmente bíblicas? Veja o que o meu amigo escreveu sobre o assunto e, é claro, a resposta que dei sobre esse “papo cabeça”.
E-mail do meu amigo:
São tantos tipos de "fé" que faz-se necessário indagar-se o que é fé? Certamente, não pode ser algo místico e mágico, pois Deus não toma partido com essas coisas, também não deve ser um chavão que todos pronunciamos categoricamente sem compreensão alguma. Com o passar dos anos, a fé deixou de envolver aspectos racionais, lógicos e sensatos para adquirir uma conotação completamente mística, a ponto de grande parcela da população cristã veicular a impossibilidade de compreensão do próprio termo fé. E para qualquer assunto, o qual não haja compreensão, surge logo um 'renomado' cristão em nosso meio e diz: “... é meu irmão, ..., pela fé...”. De que adianta dizer é pela fé, se for fora de contexto? Ou se ele não tiver entendimento correto da palavra? Certamente tornar-se-á uma pedra de tropeço. Pois em assuntos onde não cabe a fé, ele a usará como se fosse possível alcançar o objeto desejado pela fé.
Ora, se não fosse possível a compreensão do que vem a ser fé não teríamos nada na Bíblia que tentasse revelar ao homem o que é ter fé ou seu significado. Encontraríamos em seu lugar algum texto tipo Daniel 12:9 (“... Vai-te,...; pois as palavras estão fechadas e seladas até o tempo Do fim”.) Como nos falta estudo, entendimento e compreensão, nos limitamos a ler superficialmente Hb 11.1. Sabemos que “...a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” (Ed Corrigida e Fiel). Contudo, devemos treinar nossos olhos para enxergar o texto em todo seu contexto, deste modo entenderemos que o autor da Epístola aos Hebreus não tinha a menor intenção de definir o que é fé.
Seu objetivo está mais próximo de confirmar o que alcançamos e conseguimos suportar quando temos fé, pois ela nos leva a tomar decisões certas, quanto mais incerto torna-se nosso futuro. Hebreus 11.1 é uma introdução à galeria dos Heróis da fé e não uma definição do que vem a ser fé. O objetivo de definirmos o significado de uma palavra é torná-la mais compreensível perante os leigos, isto é justamente o que Hebreus 11.1 não se propõe a fazer, portanto esqueça hebreus 11 como definição por hora.
A palavra fé dentro do seu conceito original tem o significado de firmeza, confiabilidade e constância. Quando dizemos que uma palavra é digna de fé, afirmamos com isso que aquela palavra é verdadeira, integra e digna de toda a aceitação. O que esquecemos é que não damos crédito à mensagem, mas sim a pessoa que a pronunciou, isto implica em convicção pessoal e confiança surgida dentro de uma relação pessoal direta com aquele que prometeu. Na maioria das cartas paulinas, o termo fé está ligado diretamente ao entendimento de “aceitação total” e “confiança absoluta”.
Negligenciamos e desvalorizamos a palavra fé quando a atribuímos a experiências do nosso cotidiano, como por exemplo, quando afirmo que irei buscar minha esposa na faculdade as 22:30 em ponto. Dou minha palavra que estarei lá, e até certo ponto brincamos dizendo, tenha fé, estarei lá. Pois bem, como não há o que fazer, ela tem que dar crédito a minha palavra e esperar, esperar, ..., e esperar, até que, enfim, eu chego, ..., algumas vezes fora do horário, mas chego.
Nem sempre cumprimos com o prometido. Será porque faltou a nós ou a eles, fé? Por que nem sempre cumpro o que prometo? Isto acontece porque eu e você não temos controle real de nossas vidas. Por mais que você afirme que irá marcar um almoço ou jantar de confraternização entre amigos durante o final de semana, vários são os problemas e situações nas quais você estará envolvido que podem dificultar ou impedir o cumprimento de sua palavra. Nossa vontade não é soberana e não temos o controle de tudo que nos cerca. Se não consigo cumprir minha palavra todas as vezes que a empenho com firme convicção de cumpri-la, só me resta dar graças a Deus por isso. A questão não é festejar minha falta de palavra, pois, nem eu, nem ninguém fica feliz por não cumprir com todos os compromissos, mas sempre que falhamos somos confrontados com nossa própria natureza humana, e entendemos que só Deus tem soberania e controle total sobre tudo. Só Ele pode empenhar e cumprir Sua palavra. Dessa forma, a verdadeira fé é expressa pela plena confiança naquele que prometeu e tem capacidade para cumprir, independente das circunstâncias que cerquem o prometido. Nada pode ficar entre sua palavra e o cumprimento do que foi dito. Então, nosso leque de professores, líderes de louvor, amigos, familiares, irmãos que têm dito “tenha fé que no dia ‘X’ trarei o que me pediu”, não passa de uma grande desapropriação da palavra de Deus. Na esperança de elevar seu grau de comprometimento com aquilo que dizemos temos projetado o efeito colateral, a banalização da fé em nossos dias. Posso aplicar minha fé num copo d´água abençoado pela TV? E aí, de quem devo espera o cumprimento da promessa? Do copo d´água ou do homem? Digo isso porque não me lembro d’algum momento do ministério terreno de Jesus que Ele tenha afirmado que um copo d’água ungido resolveria nossos problemas? Este princípio vem da cultura Induísta. Este é somente uma das várias modalidades de “fé” existentes no mercado.
Existe uma grande variedade de fé disponibilizada pelas várias Igreja. Uns tem fé que um copo d´água resolverá seus problemas, outros que basta participar de uma fogueira santa. Há ainda aqueles que acreditam piamente na palavra do homem e lhe creditam fé para toda “profetada” que lhes falam. Será que algumas dessas pessoas pode verdadeiramente empenhar sua palavra a ponto de não desapontar aquele que acreditou? Não, não há ninguém que possa além de Jesus Cristo.
Cuidemos de nossa fé, pois a cada dia que passa poderemos estar mais longe da genuína fé. Aquela que nos tirou do reino das trevas e nos transportou para o reino do filho de Deus. Não dê atenção a programas enganosos, a charlatões que estão preocupados em ser reconhecidos como profetas e engrandecer seus ministérios.
Ao único que é digno de receber, ..., Jesus Cristo, é nEle que deve estar nossa fé! Lembre de tudo que Ele prometeu (Ap 2.7, 2.10, 2.17, 2.26-28, 3.5, 3.12, 3.21)
Aplique o que você entendeu sobre fé nos versículos abaixo e veja o resultado: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus", “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”. “Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir”. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé”.
Minha colocação, em relação ao e-mail recebido:
É claro que eu concordo com você. Mas também é claro que concordo parcialmente. rs.
Tudo que você afirmou está tremendamente em concordância com o que eu penso e creio. Só fique esperto com a sua razão porque, se você deixar, ela explica a fé. E quando isto acontecer, pode ter certeza q o q foi explicado pode ser tudo menos fé.
E é por esse motivo que eu não concordo com tudo que você disse, porque você eliminou a componente q não entendemos completamente e nem temos a possibilidade de explicá-la como uma equação, pois "em parte falamos, em parte profetizamos".
Muita calma nessa hora!
Eh! O que é ser místico? Pois é, existe algo mais místico do que crer que 3 = 1 e 1 = 3? Você explica isto? Não? Mas é nisso que você crê, quando a Bíblia fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Logo, fé é algo místico, sim. Diferentemente da razão, que trabalha apenas com o mensurável, a fé tramita nas afirmações que o Senhor se compromete e que nós confiamos, mesmo que não consigamos enxergar o seu cumprimento como, por exemplo, a existência e a seleção dos 144000 eleitos, sendo todos oriundos das 12 tribos dos hebreus (citado no Apocalipse).
Mas, misteriosamente, fé e razão não se opõe, antes, se complementam. E nós andamos hora na fé, hora na razão, mas normalmente nos dois – às vezes mais em um, às vezes mais em outro. Mesmo porque, quem é o criador da fé? E o criador da razão? Se Deus criou os dois, porque teríamos motivo para descartar um? A própria Bíblia diz que a fé vem pela razão (ouvir). Isto não é místico?
Creio que no lugar de místico, misticismo se enquadraria melhor naquilo que você escreveu. Lembre-se que as traduções são limitadas, cabe a nós mergulhar no sentido do texto, sob a autoridade da Palavra, de acordo com a experiência cristã através dos séculos. Aí, sim, eu sou obrigado a concordar com você.
Talvez, esta seja uma diferença semelhante a ser tradicional, mas não ser tradicionalista. Sou tradicional ao ponto de guardar, como regra de fé e prática, as doutrinas de mais de 2000 anos – vai ser tradicional assim lá na china! Mas não sou tradicionalista ao ponto de guardar usos e costumes que nada tem haver com o meu contexto e com o cristianismo puro e simples.
Um fraternal abraço,
Omar Nascimento.

sábado, 17 de março de 2007

O QUE VOCÊ FARIA...

Se recebesse uma carta como esta?

Querido pastor,

Há muito queria escrever-lhe. Confesso que me senti intimidado por temer que você não entendesse minha motivação (...) Venho percebendo que você anda tenso (...) Sua atividade vem sendo duramente criticada pelos formadores de opinião. Nota-se uma antipatia nacional para com os pastores (...) lendo a Folha de São Paulo, imaginei como você deve ter se sentido quando o Arnaldo Jabor (...) atacou duramente as igrejas evangélicas: “Quanto faturam as igrejas evangélicas com a miséria, quantos milhões de dízimos pingam nos bolsos daqueles oportunistas de terno e gravata que não acreditam em Deus?”.

Sei que é perturbador ser rotulado como oportunista (...) Às vezes, gostaria de sair em sua defesa. Mostrar que o segmento evangélico mais visível na televisão faz muito alarde, mas não representa o pulsar da igreja como um todo. Embora muitos não acreditem, é preciso deixar claro que ainda há pastores que não fazem conchavos políticos ordinários. Seus ministérios não estão à venda. Para a enorme maioria de homens e mulheres como você, a causa de Cristo é mais preciosa que projetos pessoais. Entretanto, não sairei publicamente para defender-lhe. Jesus Cristo afirmou que a sabedoria é justificada por todos os seus filhos (Lc 7.35). Sua vida basta como testemunho. Continue na estrada menos trilhada.

Recordo-me daquela experiência que você nos relatou publicamente. Você estava em um mega evento evangélico. Inquieto com a luta de outros pastores para se sentarem nos primeiros lugares (...) você orou: “Deus, quero andar ao lado de gente que te leva a sério.” Deus sempre responde preces como essa. Continue caminhando ao lado de líderes que não negociam a ética pelo sucesso, não trocam conteúdos por jargões, não tentam imitar as ações sobrenaturais do Espírito.

Há alguns domingos, você parecia ansioso. Muitas vezes, nossa ansiedade nasce de comparação. Queremos, inconscientemente o sucesso, a projeção, a respeitabilidade dos outros. Isso, não acontece somente com os pastores. Empresários, profissionais liberais, atletas, artistas também caem na armadilha do sucesso. Tentam galgar uma escada imaginária que lhes levará ao triunfo. Só para descobrirem que encostaram sua escada na parede errada (...)

Pastor, a sedução pelo aplauso é vã. A disputa por respeitabilidade, inútil. O desejo de ter um nome se aproxima da mentalidade dos construtores de Babel. Na proposta de Jesus Cristo há discrição. O sucesso cobra um preço muito alto. Ele mirra nossa alma.

Não se afadigue para ser bem sucedido. Deus não busca desempenho, apenas fidelidade. Ele jamais lhe comparará a ninguém. Seja tão somente fiel ao que lhe foi confiado. Jesus alicerçou sua identidade na frase que ouviu antes de iniciar seu ministério: “Este é meu filho amado em quem me comprazo”. Faça o mesmo. Tome consciência de que é agradável a Deus. Só assim você não se deixará afetar por elogios ou desprezos. Ás vezes, preocupo-me que você esteja querendo impressionar outros pastores. Não é preciso. Por causa de Jesus, sabemos que Deus já está satisfeito conosco.

Semana passada vi-lhe no culto sem paletó e sem gravata. Ninguém se chocou. Pelo contrário, sentimo-nos mais próximos. Incrível, como nesses pequenos detalhes haja tanto significado. Gosto de lhe enxergar humano. Recordo-me com detalhes todas as vezes que você, sem temor, deixou-nos conhecer suas fraquezas. Ajudou-me a perceber que não luto sozinho contra a carne, o mundo e o diabo. Senti-me fortalecido em saber que somos parceiros de caminhada. Na verdade, eu andava cansado dos pastores que tentam projetar em suas congregações, uma imagem de super homens. Tenho pena dos evangelistas, que sem perceberem o ridículo, enxergam-se como semideuses. Será que não notam como é vaidosa essa moda dos pastores se darem títulos e, a si mesmos se promoverem? Esqueceram que o discípulo não pode ser maior que o mestre? Apagaram da lembrança o dia em que a mãe de Tiago e João procurou um lugar de destaque para seus filhos? (...) Dispense os títulos, esteja sempre perto de nós, sua congregação. Aqui você será sempre amado sem precisar de máscara.

Quero, por último, agradecer por seus sermões. Ouço ao rádio e assisto televisão com regularidade. Sei que não devo, mas faço minhas comparações. Acredito que há uma crise muito grande nos púlpitos evangélicos. Poucos se atrevem a pregar expositivamente as escrituras. Na proliferação dos sermões tópicos percebe-se a falta de zelo. Reparei ultimamente, que a maioria dos sermões rodopia no que Deus pode fazer pelas pessoas. Parece que muitos pastores perderam a noção da grandeza e majestade de Deus. Apresentam-no como mero cumpridor dos caprichos humanos. Muito obrigado, pelo seu esmero em nos dar todo o conselho de Deus. Seus sermões podem destoar. Mas, continue exaltando a Cristo. Ele atrairá as pessoas a si mesmo. Não caia na tentação de adocicar sua mensagem, tornando o evangelho apenas uma versão simplória da neurolingüística. A mensagem da cruz pode estar fora de moda, mas ainda é o poder de Deus para salvar todo o que crê.

Você tem honrado o conselho que Paulo deu a Timóteo: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (2Tm 4.2-5)...

Você poderia ser o destinatário desta carta?

A publicação original desse texto pode ser encontrada no site www.ricardogondim.com.br

sexta-feira, 16 de março de 2007

BOTA POUCA FÉ NISSO!

Resposta a um e-mail sobre ET:


Às vezes, eu fico estatelado com a simplicidade de um Deus tão poderoso, cujo nome nem mesmo conseguimos definir. Seria o "O Alto-Existente que se Revela" a melhor definição? Não sei. Penso que está mais para um dos seus atributos do que para Seu nome.

Bom, acho que essa discussão filosófica deixa o homem parecendo um cachorro correndo atrás do próprio rabo. Chega a ser até engraçado. Mas enquanto perdemos tempo e esquentamos a moringa com essas e outras irrelevâncias, muitas pessoas continuam em seus esforços de levar um estilo de vida que desconsidera a existência e/ ou a presença do Deus vivo, fertilizando a imaginação e ficando a mercê do inimigo de todos os homens.

Você já reparou que todos os relatos daqueles que tiveram “contato sobrenatural" com os ET concordam num aspecto; não quanto a aparência ou a forma que mantiveram o contato, mas quanto ao cheiro dos seres em questão, o de enxofre.

Seria uma coincidência com os relatos bíblicos que descrevem o inferno e o lago de fogo e enxofre? Aliás, ouvi uma boa definição de coincidência: ‘É aquilo que o homem não consegue explicar, mas que também não dá crédito a um Deus que governa todas as coisas’. É preciso mais do que fé para não enxergar o óbvio. É necessário uma total cegueira espiritual para se acreditar que um pedaço de pedra ou um léio de pau, que a própria pessoa moldou, ou mesmo que os ET possam fazer algo pela humanidade.

Que coisa, não? Tão raro como uma pessoa ir ao poço apanhar água é ver alguém dar crédito a Jesus como o único acesso ao Pai. Triste caminho esse que os terráqueos estão tomando. Tão inteligentes, mas espiritualmente tão complicados. Incapazes de manterem vivo o seu próprio mundo, mas exploradores dos mundos deduzidos dos seus profícuos estudos.

Conseqüentemente, neste misto de ansiedade e desilusão, reverenciam as suas próprias sombras. Mas, como diz o ditado, quem planta limão não colhe laranja. Sorte a de quem bebe da água da vida. Esse, nunca mais terá sede.

Um fraternal abraço, mesmo que com pouca fé, mas suficiente para crer no Eterno,

Omar Nascimento.

Newer Posts
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...