terça-feira, 3 de abril de 2007

SOLILÓQUIO

Uma viajem

Ah! Como eu gostaria de saber escrever. Estou me sentindo um analfabeto funcional.

A saudade tem apertado o meu coração e, quando me dou conta... É difícil aceitar que aprendi a chorar. Na verdade eu não queria que isso acontecesse comigo, mas agora é tarde. Não quero desaprender.

Se vocês soubessem o quanto é difícil e me parece tão artificial escrever sobre esse tal sentimento. Afinal, não é um sentir pós-moderno, espetacular e sem sentido. É um negócio que vem sem a minha autorização, meio rebelde, às vezes contido, às vezes não. Será que estou ficando fraco demais? Acho que sim. Não, acho que vou parar de achar.

Estou olhando para aquela foto de despedida. Todo mundo ali. O corel e o photoshop serviram como tela e pincel nas mãos do artista. Essa sim foi uma lembrança que assumiu o seu sentido lato. Através dela eu vejo, ouço e, de vez em quando, quando ninguém está olhando, arrisco um solilóquio... Ai, ai, ai. Está tudo embaçado de novo. Fico bem feliz ao olhar para cada um de vós. As emoções daqueles dias foram tão intensas, que parece que estou saindo de uma daquelas concentrações de domingo, à noite. Ou quem sabe dos lanches que vinham depois. Deus meu, Deus meu.

O Senhor nunca nos desamparou, é bem verdade. Nem temos o direito de perguntar o por quê. Por que? Porque nós o sabemos. Mas do que adianta saber? Eu, por exemplo, não estou preocupado em trazer a mente desculpas, explicações ou até soluções, por mais espirituais que possam parecer ser do porque dessa separação geográfica. O que eu queria mesmo... Bom, acho que eu quero fazer a vontade do meu Pai. É, é isso aí, eu não acho, eu quero. Mas dói. Crescer dói. Ah! Quantos ‘por ques’. “Que seja feita a vossa vontade”, Papai, mesmo que eu não aceite, no começo. Mas o Senhor é tão bom que insiste em me fazer crescer, quando o que eu queria mesmo era estar na minha região de conforto.

Tchê. Mais do que a segunda pessoa do idioma guarani, define o povo que, enfim, voltei a ser o que não era para deixar de ser: Um missionário na minha terra.

Quantos brasis dentro do meu Brasil. Qual é o meu, o Rio do Norte, o do Sul ou aquele outro? No meio deles está o planalto, lá em cima se foram os louros da minha adolescência. Mas com o tempo veio a maturidade, e com ela a cidade das andorinhas. De lá, trouxe o melhor que aquela terra podia me dar. Descobri o que meu pai dizia ser homem de verdade, completo. Descobri o ‘para sempre’ da felicidade.

E a dita felicidade se multiplicou. Agora somos quatro. Eu e o meu harém – devo aproveitar enquanto é tempo. Elas foram testemunhas e cúmplices da dor da partida que partiu o nosso coração. Mais uma vez, o Senhor escreve certo em linhas certas e nós, os tortos, é que insistimos em ser daqueles cegos que não querem ver. (Que maravilha! Parei de molhar o teclado de soro natural).

Mas como eu nunca fui bom de visão mesmo, demorei a ver o milagre do qual sou coadjuvante. Sabe que é isso mesmo que eu acho: Que Deus quer que sejamos parte daquilo que chamamos de sobrenatural, mas que para Ele é tudo normal. Não vou nem perder tempo tentando explicar esse negócio. O fato é que Ele tem confortado o meu coração, afinal, descobri novos irmãos. A família é grande mesmo. Será que é mais ou menos por aí, a idéia de que faríamos cousas maiores do que o nosso primeiro Irmão?

Sei não. Mas que eu ando vendo 40 parecido com 400, ah, isso eu tô. E ninguém precisa dizer amém por isso. Se quiser, pode sussurrar um ‘misericórdia!’. Digo isto porque eu não pensava em encontrar tanta gente com sede e fome de transcender na Fonte. É bem verdade que a terra de todos os demônios, já não é mais no início do nordeste, do contrário, agora está no outro extremo. Mas é aí que a graça fica tri-superabundante. O problema é que 400 não cabem numa sala de 200. Pensando bem, se apertar... Éh! Acho a comunhão um outro milagre, um milagre e tanto.

Será que minha família do sul conhecerá a minha família do sudeste? E os do nordeste e centro-oeste? Depois não querem que eu seja convencido, mas não é todo mundo que pode ser pivô de um time tão continental quanto esse. Lembram do tema do meu livro? Aquele que o Romário só poderá participar com um pequeno prefácio, por não alcançar o padrão? Esse mesmo: “Eu e minha humildade somos demais”.

Obrigado, gente, por vocês existirem e por serem a razão do meu ministério. Obrigado, meus amados, por agüentarem um desabafo tão desprovido de qualidade, mas é ‘sem cera’. Obrigado, Senhor, porque já posso dormir tranqüilo e convicto de que vale à pena perseverar.

Omar Nascimento.

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