domingo, 28 de fevereiro de 2010

AJUSTANDO O FOCO DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ


Segundo o espírito pós-moderno, cada um é o construtor do seu próprio deus, o que importa é o pensamento positivo e aceitar as diferenças, pois se ninguém é igual, não podemos formatar um único ponto de vista de Deus.
O problema é que esse conceito também se tronou ditatorial, engessado e tirano. Sim, a imposição de que Deus não é o Deus que Ele diz ser, na Palavra de Deus, isso por si só já se constitui em cerceamento da liberdade de expressão da fé. Partindo do princípio que vivemos num Estado laico, convido àqueles que se interessam pelas verdades bíblicas a ajustarem seu foco, não de acordo com a pressão da sociedade, mas em sintonia com o que o próprio Deus revela aos que n’Ele crêem.
Uma leitura mais atenta na passagem de Lucas 4, pode nos abrir os olhos na busca de espiritualidade cristã sadia. Ali, vemos um Messias agindo no sobrenatural. Mas também observamos um homem que é tentado, mas que não se deixa corromper. Seria possível ao homem simples andar neste mesmo nível de espiritualidade? Sim, pois esse é o desejo de Deus (1Pe 1. 15 e 16).
E não há um segredo para que se alcance esse alvo, pois se fosse sigiloso o não estaria na Bíblia. Basta que, antes de qualquer coisa, sondemos os nossos corações, a fim de reconhecermos o que realmente queremos; admiração, causar impacto, ser relevantes na sociedade, deixando de ser mais na multidão ou simplesmente ter a mesma convicção de Cristo, a de ser filho de Deus, conhecedores da vontade expressa na Palavra de Deus e que valorizam infinitamente o fato ser, subjugando o egocentrismo latente que nos impulsiona a valorizar o ter?
Ao nos depararmos com os primeiros 13 versículos de Lc 4, vemos o exemplo de um espírito fortalecido pela íntima e inabalável convicção de sua filiação. As tentações ali descritas não são exclusividade do Messias, do contrário, fazem parte da vida de todo homem, independente de sua crença e de suas origens.
Devemos atentar para o fato de que o auge da espiritualidade cristã, constantemente, é revelada em tempos de crise. Nem mesmo Jesus foi poupado da ousadia de satanás, pois além de se achegar a presença dele, ainda coloca em dúvida a cerne da existência do próprio cristianismo: “Se tu és o Filho de Deus…” (v.3). E o mesmo acontece quando somos desafiados a demonstrar poder, a nos auto-afirmar e a buscar reconhecimento. Mas, ao invés de tudo isso, o Filho de Deus nos mostra o caminho a seguir, o da humildade, o de não ostentar e, a base de tudo, o da intimidade com Deus.
Mas como discernir que o amor de Deus nos alcançou ao ponto de sermos feitos filhos de Deus? Por que muitos cristãos não têm a mesma convicção de filiação e de salvação? Por que tantos se deixam levar por um prato de lentilhas que lhes é oferecido em troca do que há de mais valioso? É só palmilharmos os primeiros versículos e ver que Jesus, após o seu batismo, antes de qualquer outra prioridade, buscou a face do Pai, seguiu o caminho da intimidade com Aquele que deve ser o Alvo do nosso amor. Ele deixou tudo o que poderia tirar a sua atenção e se dedicou na intimidade com Deus.
Ele nos aponta a direção e o sentido do verdadeiro fortalecimento de quem é filho de Deus. Não há nada no deserto que cause distracções. Não que tenhamos que fazer uma peregrinação na Judéia, no Saara ou no sertão nordestino. E para que não haja uma meca da cristandade, o próprio Cristo nos ensina o que fazer; “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto…” (Mt 6).
Portanto, ao abrir nossos olhos diariamente, ao invés de montarmos torres de vigília contra o pecado, trincheiras que enterram nossa alma e cercas com as farpas de religiosidade, façamos o que o Pai deseja e requer de seus filhos - que sejamos ousados ao ponto de nos colocar diante dele, mediante Cristo (At 4. 12), no lugar secreto do nosso ser, totalmente despidos de qualquer vaidade ou relação de barganha. Mas lavados pelo sangue de Cristo e com os olhos fitos no amor de Deus (Pa 1.5).
O caminho da salvação passa obrigatoriamente pelo testemunho do Espírito Santo ao nosso espírito, que somos filhos legítimos de Deus (Rm 8.16). Mas salvação não é o ponto final, senão o meio pelo qual Deus volta a ter comunhão com o homem caído. Em consequência, ssim como Jesus respondeu ao tentador com a aplicação prática da Palavra de Deus em Sua vida, todo filho de Deus também pode ser fortalecido pela mesma Palavra, do mesmo Deus, pelo mesmo Espírito, crescendo em graça, conhecimento e, irrefutavelmente, gerando frutos de arrependimento e amor, como vaso de honra na casa do Pai.

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