Um exercício transcendental.
“Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito...” (Shakespeare, Hamlet, Ato 2, Cena 2).
Uma criança faz dos seus brinquedos de matéria inerte, seus pais, seus amigos e até seus filhos. Naquele momento, usando as capacidades inerentes ao ser humano, ela vai além do que é mensurável aos sentidos de quem a observa. As crianças transcendem.
O prazer em Meditar na lei do Senhor é a porta de saída da casca de nóz a qual estamos submetidos, ainda neste corpo corruptível e, ao mesmo tempo, é a entrada na região que só o Homem Espiritual conhece.
Não precisamos usar de subterfúgios e idéias brilhantes, nem teatralizar ou imitar um símbolo psico-espiritual que está no top-ten evangélico, buscando passar pela mesma pseudo-experiência neo-pentecostal. Pois, se Deus não nos impôs trejeitos e nem padrões de manifestações, seria uma ignorância – ou quem sabe, simplesmente, a manutenção das tradições do misticismo brasileiro – dizer que alguém está no Espírito se falar ou fizer isso ou aquilo, pois é assim que acontece ali ou acolá.
Meditar e ter prazer no Deus da Palavra, através da Palavra desse Deus, é desbravar os caminhos que nos levam além dos muros da religião (seja esta tradicional, seja pós-moderna, seja lá o que for). A espiritualidade cristã não pode ser resumida às reuniões que chamamos de cultos, nem a meia-dúzia de chavões ditos por gente da mídia, nem mesmo aos costumes igrejeiros. Cristo nos deu toda a liberdade que encontramos
Buscar a mesma união da trindade (ao invés de viver de plágio em plágio), esse sim, foi o desafio espiritual que só alcança quem transcende a sua própria humanidade (Jo 17. 15-23). Aí, seremos daqueles que estão firmados como árvores, junto ao ribeiro de águas. Então, mesmo que estejamos fazendo um piquenique no vale da sombra da morte, teremos a certeza de que, a Seu tempo, o Senhor os conduzirá até o lugar seguro e secreto da adoração.
Enfim, descrever a experiência e a vida cristã, para quem não tem experiência devocional - esse momento a sós com Deus - é como explicar o sabor de uma fruta típica da floresta amazônica para quem nunca comeu: Só quem provou sabe como é de fato! Portanto, “vem e vede”.
Omar Nascimento.
0 comentários:
Postar um comentário